terça-feira, 25 de junho de 2013


Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida)

Foi publicada no dia 18 de março de 2011 Portaria Interministerial que institui o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos expedidos por Universidades Estrangeiras (Revalida). O exame será aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em colaboração com a subcomissão de revalidação de diplomas médicos, da qual participam representantes dos ministérios da Saúde, Educação e Relações Exteriores e da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais do Ensino Superior (Andifes), além do Inep.

A partir da publicação da portaria, será divulgado pelo Inep o edital com o cronograma e os prazos para adesão das instituições e inscrição dos candidatos. As universidades públicas interessadas em aderir ao exame firmarão termo de adesão com o Ministério da Educação. Pode inscrever-se o candidato que tenha diploma expedido no exterior, em curso reconhecido pelo ministério da educação ou órgão correspondente do país onde se formou. O edital também definirá os locais onde a prova será aplicada. 

O Revalida será realizado em duas etapas, sendo a primeira constituída de prova teórica e a segunda de prova prática de habilidades clínicas. A avaliação será feita a partir da matriz de correspondência curricular, documento elaborado pela subcomissão de revalidação tendo como referência as diretrizes curriculares nacionais do curso de medicina no Brasil.

Projeto Piloto – A elaboração de um novo modelo para a revalidação dos diplomas obtidos por estudantes em universidades estrangeiras teve início no ano passado, a partir de um projeto piloto do qual participaram 25 universidades públicas de ensino superior do país. Inscreveram-se no projeto piloto 628 candidatos com diplomas oriundos de 32 países.  Atualmente, os alunos formados em medicina em universidades de outros países precisam revalidar seus diplomas em alguma instituição pública de ensino superior. O processo, porém, é moroso e não padronizado, já que cada instituição adota um procedimento próprio. A expectativa é de que, com o exame nacional, o processo seja unificado, com critérios técnicos e conceituais claros, podendo ser realizado num intervalo de seis meses a um ano. 

Consulte a Portaria Interministerial nº 278 que institui o Revalida

Palavras-chave: Graduação, Medicina, Diploma, Grad

sexta-feira, 21 de junho de 2013

‘Saber mais é mudar relações de força’

A escola pretende preparar as pessoas para a vida, mas acaba, muitas vezes, preparando os alunos para as avaliações. A linha que separa os saberes para a vida e dos saberes para os estudos é, para Philippe Perrenoud, o ponto de partida para se discutir o currículo do século 21. “A vida tem que estar no centro da discussão do currículo. O quanto a escola está nos preparando para viver nesse mundo?”, pergunta o sociólogo suíço que é especialista em currículo, práticas pedagógicas e formação de professores.
O pensador não promete soluções simples, principalmente por compreender o sistema de forças e o travamento do currículo atual na maioria dos países. “As disciplinas escolares estão organizadas em mundos e lobbies cuja preocupação é manter ou reforçar suas presenças no currículo. Isso acaba levando a uma lógica em que se entende que a única maneira de mudar o currículo é acrescentando conteúdo”, disse, para uma audiência de educadores aqui no Brasil, durante palestra na Educar Educador.
crédito Nailia Schwarz / Fotolia.com'Saber mais é mudar as relações de poder', diz Perrenoud

Mas Perrenoud aponta alguns dos saberes que, para ele, deveriam fazer parte de uma escola que pretende preparar os alunos para a vida, mas que são praticamente ausentes nos currículos. Eles estão nas searas de direito, urbanismo, economia, ciências políticas e psicologia. “Sabemos transformar decímetro em centímetro, mas o que sabemos sobre autoestima, agressividade, angústia? O que vamos usar mais na vida?”
Sabemos transformar decímetro em centímetro, mas o que sabemos sobre autoestima, agressividade, angústia? O que vamos usar mais na vida?
Para ele, não há como não nos preparam para a vida no século 21 sem entender o mundo em que vivemos. Se a nossa sociedade exige que utilizemos dinheiro, bancos, precisamos entender a lógica por trás do sistema. Se habitamos cidades com trânsito, poluição e problemas de saneamento, é necessário compreender essa dinâmica. Se votamos, vivemos em democracias, precisamos compreender as forças envolvidas no sistema. “Saber e poder estão sempre ligados. Saber mais é mudar relações de força. Os saberes úteis permitem limitar o poder do homem sobre o homem”, diz. “Mas que fique claro: não estou dando soluções, estou apresentando problemas, ideias. É preciso pensarmos juntos esse currículo.”
Veja algumas das provocações do autor sobre a importância desses saberes:
1. Psicologia
A psicologia aparece no currículo, quando aparece, por meio da literatura e do teatro, as dores e os amores de personagens. “Mas quem aprendeu profundamente sobre o inconsciente? Sabemos transformar decímetro em centímetro, mas o que sabemos sobre autoestima, agressividade, angústia? O que vamos usar mais? Como uma coisa tão presente na vida está ausente na escola que pretende preparar para a vida?”, pergunta o suíço.
2. Direito
Quase ausente no currículo, este saber é indispensável porque vivemos em uma socidade regida pelo direito. “Não há necessidade de decorar a legislação ou o Código Civil. Mas precisamos saber consultar esses materiais, sermos capazes de dialogar com juristas, entender nossos deveres e obrigações, já que nossas sociedades estão construídas em torno deles.”
3. Ciências políticas
Perrenoud pergunta se a escola está preparada para ensinar sobre as relações de poder, sobre as influências políticas, econômicas ou étnicas que estão por trás das decisões parlamentares. “O quanto estamos preparados para entender que quando o [presidente dos EUA Barack] Obama está tentando mudar a lei para o porte de armas nos EUA e não consegue, isso está diretamente relacionado ao fato das campanhas dos deputados que votam serem financiadas pela indústria armamentícia?”, questiona.
4. Economia
O mundo vive uma crise econômica intensa no momento, talvez não muito forte no Brasil devido ao momento específico de crescimento econômico, mas que está impactando muitos países do globo. Quem compreende a crise? Quem compreende o problema que começou com a compra de produtos financeiros nos EUA, que eram vendidos a quem não podia pagar? “A economia está no nosso dia a dia. Claro que todos temos que entender um pouco dessa dinâmica no mundo que vivemos hoje, que não é mais baseado em plantar e colher para comer. Nós vamos ao supermercado e os supermercados envolvem relações de trabalho, distribuição, consumo etc. Temos uma grande carga horário de ciências sociais que não aprofundam nessas questões”, critica. “Isso para não falar da não compreensão do sistema de funcionamento bancário. Se entendermos melhor sobre a lógica do banco, quem perde?”
5. Urbanismo e arquitetura
Entre os grandes desafios do mundo hoje estão a poluição, o trânsito, o saneamento básico e a higiene urbana. “Não vivemos mais no campo. Somos uma maioria urbana. E a exploração urbana é muito mais um resultado do acaso, da especulação imobiliária do que algo pensando para atender as necessidades dos habitantes daquela cidade. O quanto a escola nos prepara para essa vida do século 21 e esses problemas?”

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quinta-feira, 13 de junho de 2013


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BREAKING NEWSThursday, June 13, 2013 5:30 PM EDT
Syria Has Used Chemical Weapons Against Rebels, U.S. and European Officials Conclude
American and European intelligence analysts now believe that President Bashar al-Assad’s troops have used chemical weapons against rebel forces in the civil war in Syria, an assessment that will put added pressure on a deeply divided Obama administration to develop a response to a provocation that the president himself has declared a “red line.”
According to an internal memorandum circulating inside the government on Thursday, the “intelligence community assesses that the Assad regime has used chemical weapons on a small scale against the opposition multiple times in the last year.” President Obama said in April that the United States had physiological evidence that the nerve gas sarin had been used in Syria, but lacked proof of who used it and under what circumstances. He now believes that the proof is definitive, according to American officials.
But a flurry of high-level meetings in Washington this week only underscored the splits within the Obama administration about what actions to take to quell the fighting, which has claimed more than 90,000 people. The meetings were hastily arranged after Mr. Assad’s troops — joined by fighters from the militant group Hezbollah — claimed the strategic city of Qusayr and raised fears in Washington that large parts of the rebellion could be on the verge of collapse.

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Os médicos estão infelizesMIGUEL SROUGI

Os médicos estão infelizes com os salários desonrosos. Mas imaginar que essa é a causa principal do desalento é uma simplificação injusta
HOJE, NO dia dos médicos, resolvi homenageá-los. Resgatei na memória pesquisa de 2005 do Ibope sobre as instituições mais confiáveis na nossa sociedade. Como antes, me enchi de encantos: ganharam os médicos, com 81% das indicações, à frente dos padres (71%) e dos militares (69%). Resgatei também na memória aquele momento quase indescritível, os olhos marejados e agradecidos de alguém reconquistado para a vida. Emoções incomparáveis, que só um médico pode usufruir.
Nesse ponto, uma pergunta inevitável. Apesar do Ibope e dos momentos ricos, estariam os médicos brasileiros felizes com seu entorno e seu destino? Comecei a ficar aflito ao relembrar o noticiário recente: greve dos médicos paralisa o atendimento; cirurgiões se negam a realizar intervenções pelo SUS; pacientes morrem na porta de hospitais; médicos suspendem cirurgias cardíacas e abandonam centenas na fila de espera.
A aflição começou a aumentar quando me perguntei: estariam os médicos ficando insensíveis e deixando de se postar ao lado de seus parceiros, lutando contra o sofrimento?
O próprio noticiário ofereceu-me pistas para compreender a situação: em Fortaleza e em Alagoas, o salário mensal dos médicos do setor público oscila entre R$ 726 e R$ 1.500, para meio dia de trabalho; os cirurgiões da Paraíba recebem, em média, R$ 76 por intervenção que realizam no sistema público de saúde; hospitais e leitos de terapia intensiva foram inaugurados por políticos e, depois, abandonados por falta de provisão para contratação de pessoal, aquisição de equipamentos e custeio; hospitais universitários federais estão desamparados, devem R$ 450 milhões e estão totalmente desaparelhados, em alguns deles o déficit de pessoal chega a 700 funcionários; equipamentos avariados obrigam pacientes mineiros a viajar quatro horas para complementar tratamento de radioterapia.
A aflição ficou quase insuportável quando compreendi que os médicos estão, sim, infelizes com os salários desonrosos. Contudo, imaginar que essa é a causa principal do desalento representa simplificação injusta e mal-intencionada.
Os médicos têm vocação para exercer com altruísmo sua missão, defendendo a condição humana e a sociedade. Na prática, são afrontados por um sistema de saúde imerso na incompetência, na indecência e na indigência, frustrando-se quando exercem a ação médica. É irrealista esperar que eles pratiquem condignamente sua profissão quando os instrumentos para uma vida digna lhes são subtraídos por gestores indecentes.
Os nossos governantes, com felizes exceções, transformaram a saúde em balcão de negócios obscuros e de trocas de favores, destruindo a promissora estrutura médico-hospitalar edificada no Brasil entre os anos 40 e 60. Os salários do pessoal da saúde foram aviltados e, hoje, só os idealistas ou os desamparados se sujeitam a trabalhar em serviços públicos. Como exigir que um médico, recebendo R$ 726 ou mesmo R$ 1.500, deixe de ter três ou quatro empregos, trabalhando até a exaustão, ou se mantenha atualizado, quando um livro técnico custa entre US$ 50 e US$ 300 e quando cursos de aperfeiçoamento têm de ser pagos pelo próprio profissional?
Essa situação se torna mais desconfortável se lembrarmos que cerca de 95% dos médicos brasileiros são assalariados, prestando serviços a entidades privadas de assistência, que contribuem para o desânimo ao cercear a autonomia e criar restrições exageradas e perigosas às ações médicas.
A sociedade também alimenta esse processo perverso, assumindo atitudes de intransigência desconcertante ante seus médicos. Em todos os momentos, exige deles nada menos que a perfeição, não aceitando sequer a derrota em fatos inexoráveis, como a falibilidade humana, a existência de doenças incuráveis, a decadência pelo passar dos anos, a morte implacável.
Sociedade que, quase sempre, desconsidera o ambiente circundado pela indigência e pela violência no qual atua um sem-número de médicos brasileiros. Ignora-se a situação cruel enfrentada por esses profissionais, que exaurem seu talento e seus ideais ao clinicar em hospitais públicos caóticos, onde escasseiam ou inexistem materiais e medicamentos mais simples, onde se desgastam tratando de doenças já erradicadas em países mais sérios e onde um paciente com câncer espera até seis meses para ser internado, se sobreviver para isso.
Enfim, os médicos da nação estão realmente infelizes, e muitos brasileiros julgam que, tanto na saída como na chegada, o sentimento tem a ver com salários ou benefícios materiais. Contudo, é importante que se compreenda que os drs. Severino Baiano, José Pernambucano, João Paulista ou Antonio Mineiro, que dedicam suas vidas e emoções para aliviar o sofrimento alheio, estão infelizes, quase nunca por causa de interesses pessoais menores, mas porque a maioria é vítima da combinação perversa de uma sociedade complacente e governos indecentes. Realidade que Riobaldo, o jagunço filósofo de Guimarães Rosa, sabia muito bem como descortinar: "Digo, o real não está na saída ou na chegada, ele se dispõe para a gente no meio da travessia".

MIGUEL SROUGI, 61, médico, pós-graduado em urologia pela Universidade Harvard (EUA), é professor titular de urologia da Faculdade de Medicina da USP.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

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Os médicos estão infelizesMIGUEL SROUGI

Os médicos estão infelizes com os salários desonrosos. Mas imaginar que essa é a causa principal do desalento é uma simplificação injusta
HOJE, NO dia dos médicos, resolvi homenageá-los. Resgatei na memória pesquisa de 2005 do Ibope sobre as instituições mais confiáveis na nossa sociedade. Como antes, me enchi de encantos: ganharam os médicos, com 81% das indicações, à frente dos padres (71%) e dos militares (69%). Resgatei também na memória aquele momento quase indescritível, os olhos marejados e agradecidos de alguém reconquistado para a vida. Emoções incomparáveis, que só um médico pode usufruir.
Nesse ponto, uma pergunta inevitável. Apesar do Ibope e dos momentos ricos, estariam os médicos brasileiros felizes com seu entorno e seu destino? Comecei a ficar aflito ao relembrar o noticiário recente: greve dos médicos paralisa o atendimento; cirurgiões se negam a realizar intervenções pelo SUS; pacientes morrem na porta de hospitais; médicos suspendem cirurgias cardíacas e abandonam centenas na fila de espera.
A aflição começou a aumentar quando me perguntei: estariam os médicos ficando insensíveis e deixando de se postar ao lado de seus parceiros, lutando contra o sofrimento?
O próprio noticiário ofereceu-me pistas para compreender a situação: em Fortaleza e em Alagoas, o salário mensal dos médicos do setor público oscila entre R$ 726 e R$ 1.500, para meio dia de trabalho; os cirurgiões da Paraíba recebem, em média, R$ 76 por intervenção que realizam no sistema público de saúde; hospitais e leitos de terapia intensiva foram inaugurados por políticos e, depois, abandonados por falta de provisão para contratação de pessoal, aquisição de equipamentos e custeio; hospitais universitários federais estão desamparados, devem R$ 450 milhões e estão totalmente desaparelhados, em alguns deles o déficit de pessoal chega a 700 funcionários; equipamentos avariados obrigam pacientes mineiros a viajar quatro horas para complementar tratamento de radioterapia.
A aflição ficou quase insuportável quando compreendi que os médicos estão, sim, infelizes com os salários desonrosos. Contudo, imaginar que essa é a causa principal do desalento representa simplificação injusta e mal-intencionada.
Os médicos têm vocação para exercer com altruísmo sua missão, defendendo a condição humana e a sociedade. Na prática, são afrontados por um sistema de saúde imerso na incompetência, na indecência e na indigência, frustrando-se quando exercem a ação médica. É irrealista esperar que eles pratiquem condignamente sua profissão quando os instrumentos para uma vida digna lhes são subtraídos por gestores indecentes.
Os nossos governantes, com felizes exceções, transformaram a saúde em balcão de negócios obscuros e de trocas de favores, destruindo a promissora estrutura médico-hospitalar edificada no Brasil entre os anos 40 e 60. Os salários do pessoal da saúde foram aviltados e, hoje, só os idealistas ou os desamparados se sujeitam a trabalhar em serviços públicos. Como exigir que um médico, recebendo R$ 726 ou mesmo R$ 1.500, deixe de ter três ou quatro empregos, trabalhando até a exaustão, ou se mantenha atualizado, quando um livro técnico custa entre US$ 50 e US$ 300 e quando cursos de aperfeiçoamento têm de ser pagos pelo próprio profissional?
Essa situação se torna mais desconfortável se lembrarmos que cerca de 95% dos médicos brasileiros são assalariados, prestando serviços a entidades privadas de assistência, que contribuem para o desânimo ao cercear a autonomia e criar restrições exageradas e perigosas às ações médicas.
A sociedade também alimenta esse processo perverso, assumindo atitudes de intransigência desconcertante ante seus médicos. Em todos os momentos, exige deles nada menos que a perfeição, não aceitando sequer a derrota em fatos inexoráveis, como a falibilidade humana, a existência de doenças incuráveis, a decadência pelo passar dos anos, a morte implacável.
Sociedade que, quase sempre, desconsidera o ambiente circundado pela indigência e pela violência no qual atua um sem-número de médicos brasileiros. Ignora-se a situação cruel enfrentada por esses profissionais, que exaurem seu talento e seus ideais ao clinicar em hospitais públicos caóticos, onde escasseiam ou inexistem materiais e medicamentos mais simples, onde se desgastam tratando de doenças já erradicadas em países mais sérios e onde um paciente com câncer espera até seis meses para ser internado, se sobreviver para isso.
Enfim, os médicos da nação estão realmente infelizes, e muitos brasileiros julgam que, tanto na saída como na chegada, o sentimento tem a ver com salários ou benefícios materiais. Contudo, é importante que se compreenda que os drs. Severino Baiano, José Pernambucano, João Paulista ou Antonio Mineiro, que dedicam suas vidas e emoções para aliviar o sofrimento alheio, estão infelizes, quase nunca por causa de interesses pessoais menores, mas porque a maioria é vítima da combinação perversa de uma sociedade complacente e governos indecentes. Realidade que Riobaldo, o jagunço filósofo de Guimarães Rosa, sabia muito bem como descortinar: "Digo, o real não está na saída ou na chegada, ele se dispõe para a gente no meio da travessia".

MIGUEL SROUGI, 61, médico, pós-graduado em urologia pela Universidade Harvard (EUA), é professor titular de urologia da Faculdade de Medicina da USP.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

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