sexta-feira, 30 de abril de 2010

Ariel Palacios

Ariel Palacios

Vazamento de petróleo no Golfo pode ser 5 vezes maior - internacional - Estadao.com.br

Vazamento de petróleo no Golfo pode ser 5 vezes maior - internacional - Estadao.com.br

Folha de S.Paulo - Grupo descobre como destruir placas formadas por bactérias - 30/04/2010

Folha de S.Paulo - Grupo descobre como destruir placas formadas por bactérias - 30/04/2010

Folha de S.Paulo - Obama mobiliza Defesa para conter derrame de petróleo - 30/04/2010

Folha de S.Paulo - Obama mobiliza Defesa para conter derrame de petróleo - 30/04/2010
Bioética: novos rumos do
periódico científico do CFM








A revista Bioética, publicada pelo Conselho Federal de Medicina desde 1992, foi o periódico científico pioneiro nesse campo de estudo e pesquisa no Brasil – cuja criação ocorreu seis anos após a criação da Bioethics, a mais consolidada revista, na área, em nível mundial, publicada pela International Association of Bioethics (IAB).

Sua importância para a divulgação e consolidação da disciplina pode ser dimensionada pelo fato de que a própria Sociedade Brasileira de Bioética (SBB) só foi fundada em 1995 e seu veículo editorial oficial, a Revista Brasileira de Bioética (RBB), começou a ser editado apenas em 2004.

No encontro que marca a criação da Bioética estão registradas as presenças de reconhecidos bioeticistas brasileiros, alguns dos quais ainda integram o Conselho Editorial. O apoio desses renomados pesquisadores e de outros que posteriormente vieram somar esforços para a consolidação do periódico foi fundamental para que, em 1999, a Bioética passasse a ser indexada na base de dados Lilacs. Atualmente, é classificada pela Capes como “B” nacional nas áreas de Educação Física, Enfermagem, Medicina II, Saúde Coletiva, Serviço Social e “C” nacional na Filosofia/Teologia, Medicina I e Multidisciplinar.

As centenas de artigos publicados durante os seus 15 anos de existência atestam as transformações ocorridas, refletindo o surgimento das preocupações relativas à ética social em bioética e o aprofundamento dessas questões nas práticas de saúde. Congregando colaborações de autores de diversas instituições, profissões e regiões do país e do exterior, a Bioética reflete a pluralidade do panorama que caracteriza o campo. É possível constatar em suas páginas essas perspectivas distintas, sempre respaldadas em reflexões consistentes e ponderadas.

Nesse ínterim, o periódico aprimorou, também, o seu processo editorial, adotando os critérios normativos e de apresentação propostos pela Bireme. Os dois projetos gráficos de apresentação da revista espelham tal esforço, demonstrando o empenho contínuo do CFM para consolidar a qualidade do periódico. Assim, quer por seu conteúdo exemplar quer por seu aspecto gráfico primoroso, a Bioética é, atualmente, a publicação, em seu campo, de maior reconhecimento no país, com influência em toda a América Latina.

Seu papel na consolidação da disciplina é forte incentivo para que continue a estabelecer um processo editorial pautado pela excelência. Buscando aumentar a eficiência no controle da comunicação, garantir transparência e agilidade, fomentar a credibilidade e, assim, despertar o interesse dos pesquisadores e autores, a Bioética inova mais uma vez, delineando novos rumos.

Dentre as providências para atingir esse objetivo destacam-se as voltadas ao aumento da periodicidade, que passará a ser trimestral, bem como da quantidade de artigos por número – que, pretende-se, passem de 11 para 15, perfazendo 60 trabalhos publicados anualmente. Além disso, em cada artigo passará a ser identificada a data de recebimento e aprovação, medida que reforça a transparência do processo editorial.

Essas alterações, no entanto, não implicam mudar o que está consolidado como marca de qualidade do periódico. A submissão de todos os artigos recebidos ao exame dos pares permanecerá como norma inviolável para garantir

14


aos autores e à comunidade científica a qualidade do material publicado. Também será mantida a tiragem de 10.000 exemplares, que continuarão a ser gratuitamente distribuídos a médicos, entidades médicas, bibliotecas e instituições de ensino.

Da mesma maneira, o acesso eletrônico à Bioética por meio do Portal do CFM – em http://www.portalmedico.org.br/novoportal/index5.asp – continuará permitindo o acesso irrestrito ao material publicado e às normas editoriais. Por fim, o e-mail da revista – bioética@cfm.org.br – seguirá recebendo os artigos destinados à publicação, no intuito de facilitar o envio dos trabalhos.

A história da revista Bioética reproduz a trajetória da construção do conhecimento no campo da bioética. Hoje, ao se falar em bioética a primeira coisa que vem à mente são as pesquisas sobre reprodução assistida, clonagem e organismos geneticamente modificados – ou, como são mais conhecidos, transgênicos. Essas novas técnicas e tecnologias, que marcam a imaginação quase como ficção científica, são divulgadas com insistência nos meios de comunicação e associadas diretamente à bioética. Contudo, esse aspecto fantástico relacionado aos avanços da ciência não resume o que o campo discute atualmente. Incorporando a esses tópicos uma vasta gama de temáticas, associadas não apenas à recuperação da saúde, mas à qualidade de vida de diferentes grupos populacionais, a bioética vem ampliando o debate sobre os aspectos morais e éticos que envolvem o processo saúde-doença, estendendo-o da prática clínica à dimensão social.

A identificação da bioética como forma de reflexão ou instrumento de regulação dos parâmetros éticos para as ciências da vida está alicerçada no surgimento desse campo de estudo e pesquisa na década de 70. Voltado à discussão dos problemas éticos decorrentes do uso de novas tecnologias, a bioética relacionava - se, principalmente, à pesquisa envolvendo seres humanos.

Sob o marco da bioética principialista, cunhada no período, foi introduzida a prática de informar e consultar o sujeito de pesquisa sobre os procedimentos aos quais estaria submetido ao participar de um experimento. Como decorrência do fato de grande parte da pesquisa em saúde ser realizada a partir da clínica, essa prática consolidou-se também na relação médicopaciente, entre profissionais e usuários dos serviços de saúde, inovando os princípios da deontologia e trazendo à tona a discussão sobre a autonomia do paciente.

Se o foco na tecnologia desenvolvida na área da saúde e, de maneira menos acentuada, no impacto ambiental decorrente do desenvolvimento ajudou a divulgar e consolidar a bioética, associando-a às novas tecnologias, acabou, também, por tornar-se uma perspectiva restrita. Tais debates passavam ao largo das situações cotidianas vivenciadas pela maioria dos profissionais de saúde, especialmente em países como o Brasil, nos quais a assistência à população ainda se revela precária. Somadas às dificuldades no acesso aos serviços, à pobreza, à exclusão e à desigualdade social fomentam o adoecimento da população, em escala maciça e de forma crônica.




Diante de tal quadro social a decisão de informar o paciente sobre as circunstâncias de seu adoecimento – descrevendo minuciosamente o diagnóstico, terapêutica e prognóstico e respeitando o seu direito de decisão sobre o assunto – não respondia a todas as necessidades éticas dos profissionais que, a cada dia, deparavam-se com verdadeiras tragédias, decorrentes da situação de vida das pessoas que atendiam. Ainda que buscassem, com rigor, preservar na clínica a autonomia dos pacientes, restava-lhes a angústia frente aos conflitos derivados daquelas condições insalubres, ante as quais muitos se sentiam impotentes ou desestimulados.

Para responder a tais impasses e formular parâmetros compatíveis com a realidade vivida pela maioria da população, bem como pelos profissionais e pesquisadores que com ela trabalham, os estudiosos da bioética voltaram seu olhar na direção da sociedade: às mazelas sociais e ambientais que causam impacto no cotidiano, roubando a saúde e aviltando a qualidade de vida. Consoante à perspectiva anteriormente traçada pela saúde pública e pela epidemiologia, começaram a ampliar a discussão sobre a ética em saúde, alargando o espectro de atuação da bioética e trazendo à baila questões morais latentes. Dentre essas, as discussões sobre a iniqüidade no acesso aos serviços de saúde, as dificuldades no provimento desses serviços em situação de escassez de recursos e, ainda, a reflexão sobre as moralidades que condicionam essas desigualdades entre os diversos grupos e segmentos da sociedade. Nesse sentido é importante destacar o papel decisivo da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, promulgada pela Unesco em 2005, que constitui marco fundamental dessa nova dimensão da bioética, pois reafirma a importância do respeito aos direitos humanos como condição essencial à saúde e cidadania dos povos.

E é exatamente para abraçar o desafio de produzir uma reflexão que ofereça respostas efetivas aos conflitos e questionamentos sobre a ética em saúde que a Bioética inicia nova etapa de trabalho. Por isso, os editores da revista, bem como seu Conselho Editorial, conclamam os médicos e demais profissionais da área a contribuir para essa discussão, enviando artigos. Ao transformar suas percepções sobre o trabalho cotidiano e o contexto no qual este se insere em reflexão bioética, ampliarão ainda mais a discussão sobre a ética em saúde.

15

quarta-feira, 7 de abril de 2010

protocolo da gripe h1n1 - Pesquisa Google

protocolo da gripe h1n1 - Pesquisa Google

AMB - Associação Médica Brasileira - Gripe Influenza A - H1N1

AMB - Associação Médica Brasileira - Gripe Influenza A - H1N1

- Portal da Saúde - www.Saude.gov.br - INFLUENZA A (H1N1)

- Portal da Saúde - www.Saude.gov.br - INFLUENZA A (H1N1)

- Portal da Saúde - www.Saude.gov.br - Influenza

- Portal da Saúde - www.Saude.gov.br - Influenza

Febre do ouro se intensifica no Peru - 07/04/2010 - El País

Febre do ouro se intensifica no Peru - 07/04/2010 - El País

Obama encontra finalmente o seu ritmo de governo na presidência - 07/04/2010 - Der Spiegel

Obama encontra finalmente o seu ritmo de governo na presidência - 07/04/2010 - Der Spiegel

Folha de S.Paulo - Paulo Rabello de Castro: China no caminho crítico - 07/04/2010

Folha de S.Paulo - Paulo Rabello de Castro: China no caminho crítico - 07/04/2010

Folha de S.Paulo - Antonio Delfim Netto: Desperdício da credibilidade - 07/04/2010

Folha de S.Paulo - Antonio Delfim Netto: Desperdício da credibilidade - 07/04/2010

terça-feira, 6 de abril de 2010

MUDAR TAMANHO DA LETRA IMPRIMIR ENVIAR POR EMAIL COMUNICAR ERRO 05/04/2010 - 11h34
Cientistas descobrem bactéria que bloqueia duplicação do vírus da dengue
Da Agência Fapesp
Uma bactéria que pode bloquear a duplicação do vírus da dengue em mosquitos foi descoberta por cientistas da Universidade do Estado de Michigan, nos Estados Unidos.

O achado poderá ajudar no desenvolvimento de tratamentos contra a doença que ameaça cerca de 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo e para o qual atualmente não existe vacina.

“Na natureza, cerca de 28% das espécies de mosquitos são hospedeiros da bactéria Wolbachia, mas esse não é o caso do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. Verificamos que a Wolbachia é capaz de parar a duplicação do vírus da dengue e, se não houver vírus no mosquito, ele não se espalhará para as pessoas. Ou seja, a transmissão da doença poderia ser bloqueada”, disse Zhiyong Xi, um dos autores do estudo.

O estudo foi publicado na edição de abril da revista PLoS Pathogens. Xi e colegas introduziram a bactéria em mosquitos Aedes aegypti por meio da injeção do parasita em embriões.

Os pesquisadores mantiveram a Wolbachia em insetos no laboratório por quase seis anos, com a bactéria sendo transmitida de uma geração a outra.

Quando um macho com a bactéria cruza com uma fêmea não infectada, a Wolbachia promove uma anormalidade reprodutiva que leva à morte precoce de embriões.

Mas a Wolbachia não afeta o desenvolvimento embrionário quando tanto o macho como a fêmea estão infectados, de modo que a bactéria pode se espalhar rapidamente, infectando uma população inteira de mosquitos. A bactéria não é transmitida dos mosquitos para humanos.

Um estudo anterior feito na Austrália, com abordagem diferente, também destacou o potencial da Wolbachia. “A linhagem que usamos tem uma taxa de transmissão maternal de 100% e faz com que os mosquitos vivam mais. No trabalho australiano, a linhagem usada faz com que os mosquitos morram cedo”, disse Xi.

“Os dois métodos têm suas vantagens. Quanto mais o mosquito viver, mais chances ele terá de passar a infecção para seus descendentes e de atingir uma população inteira de mosquitos em um determinado período. Mas se o mosquito viver menos, ele não picará as pessoas e não transmitirá o vírus da dengue. Os dois exemplos demonstram o potencial do uso da bactéria para controle da transmissão”, explicou.

Os dois estudos reforçam a preocupação de cientistas de diversos países com o problema. Uma pesquisa publicada em fevereiro pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences apresentou um possível método para controle da transmissão por meio da obtenção de fêmeas do Aedes aegypti que são incapazes de voar.

sábado, 3 de abril de 2010

Cresce a diferença entre ricos e pobres na China - 16/03/2010 - Le Monde

Cresce a diferença entre ricos e pobres na China - 16/03/2010 - Le Monde
01/04/2010
Angela Merkel se destaca como a chanceler guardiã dos fundamentos da União Europeia

Marion Van Renterghem

A Alemanha nos irrita. Ela é esse bom aluno que sempre levanta a mão, que está sempre certo, que vai à lousa para nos ensinar como fazer. E que, por ela mesma ter batalhado e sofrido, não tem tolerância com os preguiçosos. A Alemanha, principal potência econômica europeia, é esse país modelo que conseguiu reduzir seu próprio déficit às custas de esforços draconianos. Ela chegou a inscrever em sua Constituição o teto do déficit federal autorizado. Ela é a maior contribuinte para o orçamento europeu (20%). Paga bastante pela sua parte, e se recusa a ser a vaca leiteira da Europa.

Angela Merkel diz que ajuda à Grécia favorece estabilidade da zona do euro

Merkel é a mulher mais influente do mundo, segundo a revista Forbes
UE quer aumentar vigilância sobre a Grécia
Grécia aprova novo pacote fiscal
Jornais internacionais
A Alemanha nos irrita porque ela é virtuosa. Na questão da ajuda europeia à Grécia, onde ela manteve-se firme, sozinha contra todos, na posição do rigor contra a da solidariedade, Angela Merkel se instalou sem pudor em seu papel de durona. A França e os outros, claramente menos sábios, fuzilavam-na com os olhos, sem razão.

A chanceler alemã colocou todos na linha. Para o mau aluno grego, ela observou que não se sai impunemente de anos de gastos imprudentes, de falsificação de contas e de corrupção generalizada. A seus colegas dirigentes, ela lembrou as regras que os uniam. Europeia racional, ela foi a única guardiã, ao pé da letra, dos tratados europeus. Quem pode dizer que ela está errada? De que vale uma “comunidade de destinos” sem o respeito às regras que a fundamentam?

Na cúpula da zona do euro que validou o compromisso de ajuda à Grécia, no dia 25 de março, Merkel conseguiu o que queria: não somente a entrada do Fundo Monetário Internacional (FMI) no jogo, antes dos empréstimos bilaterais dos Estados-membros, mas também um endurecimento das regras do pacto de estabilidade. Ela fez com que Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu e principal guarda da estabilidade do euro, que se pronunciou claramente contra a intervenção do FMI – uma afronta para a união monetária – admitisse estar errado. Ela enfrentou o presidente da segunda maior potência europeia, Nicolas Sarkozy. Com a exceção do consentimento a um empréstimo alemão hipotético, “como último recurso”, e algumas concessões sem valor, a chanceler não cedeu em nada.

A crise grega atua como um detonador: a revelação de uma ruptura já iniciada, mas até então mais discreta entre a Alemanha e a Europa, entre uma nova geração de chanceleres nascidos após a guerra, Gerhard Schröder, e depois Angela Merkel, e os pioneiros da reconstrução alemã, de Konrad Adenauer a Helmut Kohl. Ao contrário do mito, o muito europeu Kohl havia começado a questionar a contribuição financeira da Alemanha. Merkel, que deve ainda menos à Europa de Robert Schuman uma vez que foi criada no Leste, aos poucos se livrou dos últimos complexos.

Leia mais sobre a crise
na União Europeia:
Wolf: por que os alemães não podem ser um modelo para a zona do euro
O homem incubido de resolver a dívida da Grécia
"Kohl teria feito a mesma coisa", diz especialista sobre posição de Merkel junto à Grécia
Turquia critica França e Alemanha por venda de armas para a Grécia
Na época de seu primeiro mandato, ela era a “Senhora Europa”: em 2007, ela teve um papel fundamental na retomada do Tratado de Lisboa e no encerramento das perspectivas financeiras. No início da crise mundial, no fim de 2008, ela havia se tornado “Senhora Não”, a que diz primeiro “não” e freia o motor europeu, correndo o risco de não entender a urgência de agir e de entravar o motor coletivo: “não”, em um primeiro momento, ao socorro dos bancos ou da indústria automobilística, ao plano de retomada econômica, à ajuda à Grécia.

Na imprensa alemã, agora a Senhora Europa é a “Senhora Germânia” ou “a pequena europeia”. Comparada à eurocética Margaret Thatcher, a Dama de Ferro britânica, que exigia da Europa um “reembolso”. Uma especialista em pequenos cálculos, firme quanto à adesão da Turquia, assim como quanto à ajuda financeira aos gregos. Uma tática “populista”, critica o semanário “Der Spiegel”. Bancar a Dama de Ferro da União Europeia é o coringa de uma chanceler democrata-cristã com os pés no barro, fragilizada por sua coalizão com os liberais, às vésperas de eleições cruciais na Renânia do Norte-Vestfália.

A Europa de Merkel se administra no dia-a-dia. Ela não é mais uma visão, mas sim uma ferramenta; não é mais um objetivo, mas sim o pretexto para uma postura. “Para a geração de Kohl”, resume o “Der Spiegel”, “a Europa era uma questão de guerra e paz. Para Merkel, é uma questão de custos e de utilidade”. Nada de política energética comum para manter suas relações privilegiadas com a Rússia, nada de política industrial comum, uma economia eficaz para si mesma, mas não generalizável, fundamentada sobre a exportação a seus vizinhos europeus.

Ao levar a contabilidade ao pé da letra, a chanceler se esquece de que ela também é contadora de um espírito, o “acordo de cavalheiros” entre europeus. Perante o Bundestag, ela chegou a considerar a medida extrema, a exclusão de um dos membros da zona do euro em caso de desrespeito às regras. Seria Merkel uma europeia menor? Talvez. Mas é preciso de tudo um pouco: o policial bom e o policial mau. Ao associar a rigidez alemã à indulgência francesa, a ameaça do FMI ao apoio da União, o acordo sobre a ajuda à Grécia voltou ao ponto de partida, aquele sobre o qual a Europa se fez: o eterno compromisso.

Tradução: Lana Lim

Opinião: Não faz sentido proibir a burca - 03/04/2010 - Der Spiegel

Opinião: Não faz sentido proibir a burca - 03/04/2010 - Der Spiegel
18/01/2010
A latinização da política para a América Latina

Marcela Sanchez NYT News Service
Não deveria ser surpresa para ninguém que o primeiro presidente afro-americano dos Estados Unidos esteja nomeando um número substancial de latinos para o governo. Entre a minoria mais numerosa do país, que representa mais de 15% da população, dois terços das pessoas votaram em Barack Obama.

Muitas dessas designações correspondem a cargos responsáveis por traçar as políticas para a América Latina. Para alguns, essa decisão é um sinal de classificação simplista; para outros, representa a terceirização da política externa americana para um grupo étnico de eleitores potenciais.

Na realidade, não é nem uma coisa nem outra, e sim um pouco de ambos.

Alguns fatos mostram isso. Pela primeira vez na história dos Estados Unidos, os hispânicos têm um representante em uma Subsecretaria do Departamento de Estado. María Otero, de origem boliviana, é subsecretária para Democracia e Assuntos Globais. Suas responsabilidades nesse cargo não estão limitadas à América Latina, são mais gerais. Entretanto, ela dedicou boa parte de sua carreira a microfinanças na região.

O mais alto diplomata para esse território, Arturo Valenzuela, é o primeiro latino a ser confirmado como secretário-assistente de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental em uma administração democrata.

Obama também nomeou Carlos Pascual e Vilma Martínez como embaixadores no México e na Argentina, respectivamente. Mais recentemente, nomeou Raúl Yzaguirre e Mari Carmen Aponte como representantes diplomáticos na República Dominicana e El Salvador.

Por muito tempo acreditei que o melhor antídoto contra a negligência de Washington para com seus vizinhos do sul seriam os latinos deste país. Quanto mais crescessem como força política, mais seriam ouvidas suas preocupações sobre as relações entre Estados Unidos e a região. Sob esse ponto de vista, essas nomeações são um progresso positivo que reflete essa influência em expansão.

Muitos também poderiam argumentar que a atenção que a América Latina receberá será maior e melhor com mais latinos no poder. Arturo Valenzuela é um bom exemplo disso. É difícil imaginar um funcionário mais bem informado do que esse acadêmico chileno-americano que passou 40 anos estudando a região.

Contudo, vários especialistas em Washington consideram que Valenzuela é uma exceção à regra entre as nomeações do presidente Obama. Ainda que reconheçam o crescente poder dos latinos, esse grupo acredita que em momentos críticos como esses, a experiência e o compromisso para com a região, mais do que a conveniência política, devem ser determinantes na hora de escolher quem ocupará esses cargos políticos.

Algumas posições, em particular, são responsáveis por questões que seriam demasiado problemáticas. Por isso, poderia ser um risco nomear indivíduos com pouca experiência na região.

Por exemplo, o mandatário americano sugeriu que a política para Cuba irá potencialmente em uma nova direção. Entretanto, a pessoa designada para ser a subsecretária assistente para América Central, Cuba e Caribe, Julissa Reynoso, é uma advogada de 35 anos de origem dominicana e ativista de Nova York. Apesar de certamente ser uma pessoa segura de si e talentosa, ela teria de enfrentar alguns dos personagens mais implacáveis da política norte-americana.

Talvez seja mais significativa a habilidade diplomática de funcionários encarregados de proteger a ordem democrática na América Latina de uma maneira melhor. Neste momento, a democracia está por um fio em vários países do continente. Por essa razão, dentro da Organização dos Estados Americanos (OEA), os Estados Unidos terão de convencer aliados na região sobre a necessidade de desenvolver mecanismos para defendê-la.

Deve-se reconhecer que a OEA é um velho clube de cavalheiros com diplomatas reticentes a mudanças. Nomear Carmen Lomellin, respeitada defensora dos direitos da mulher, como a principal representante americana da organização, talvez contribua para alcançar essa meta esquiva.

Além desses cargos importantes, a designação de pessoas que se destacaram por defender interesses latinos poderia ser uma vantagem. Provavelmente o melhor exemplo deste grupo é Yzaguirre, um proeminente líder latino que não tem medo de dizer a verdade a dirigentes, e que conta com a experiência de uma vida construindo coalizões.

Como indicou Michael Shifter, vice-presidente do Diálogo Interamericano, um grupo de estudos políticos em Washington: "O mais importante é que as pessoas escolhidas por Obama, sejam latinas ou não, assumam seus cargos com seriedade, comprometimento, com desejo de fazê-lo bem e que tenham bom instinto e capacidades".

Vale destacar que os funcionários latinos com anos de experiência em assuntos da região nem sempre demonstraram ser uma boa opção. Dois dos predecessores de Valenzuela durante o mandato de George W. Bush, Otto Reich e Roger Noriega, tinham a experiência, mas também a obsessão anti-castrista que produziu um estilo ideológico e arrogante que afetou as relações.

Nesse contexto, também surge a preocupação acerca de como são recebidos e percebidos esses representantes do governo americano por seus vizinhos. Pete Romero, que na época de Bill Clinton ocupou o cargo hoje ostentado por Valenzuela (ainda que nunca tenha sido confirmado em tal posição), lembrou que teve de demonstrar a funcionários latino-americanos que não estava nesse posto simplesmente por ser hispânico.

A melhor forma de eliminar esse preconceito, disse Romero em uma entrevista, é ter uma "política ativa e dinâmica para a região" e demonstrar que pode-se contar com a atenção do Secretário de Estado quando mais se necessita.